quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O ano incrível de Cissokho: «Muito obrigado, Portugal!»

«Muito obrigado, Portugal! Há um ano, estava no Vitória de Setúbal, vinha do Guegnon e podia ter ido jogar para a III Divisão de França. Depois, fui para o F.C. Porto, joguei na Champions, cheguei ao Lyon e à selecção de França. Foi um ano incrível!

Aly Cissokho começa a acreditar: o sonho transformou-se em realidade. No ano passado, comemorava o Natal com alguns sorrisos, face a exibições convincentes com a camisola do Vitória de Setúbal. Chegara do Guegnon, equipa relegada para a III Divisão gaulesa, sem nome ou credenciais. Agora, é titular no Lyon, joga na selecção de França, já brilhou no F.C. Porto e deixou saudades. Um caldeirão de emoções, recuperado em entrevista ao Maisfutebol.

Aly, onde estava há exactamente um ano?
«Há um ano já não estava muito mal. Estava em França, a passar o Natal com a minha família, já com alguma alegria, porque fui feliz no V. Setúbal e tinha sido informado dias antes que ia para o F.C. Porto em Janeiro. Festejei o Natal com a satisfação de ter dado um passo em frente num país novo, com outra cultura. Foi muito difícil. Quando me falaram do Vitória de Setúbal, no Verão, não sabia nada sobre a equipa, nem sequer sabia a cor das camisolas!»

Do Guegnon para Setúbal e depois o Porto. Esperava um salto tão grande?
«Nunca! Estava em fim de contrato com o Guegnon e, se ficasse no clube, ia jogar para a III Divisão de França. Não sei onde estaria agora. Já quando me ligaram do V. Setúbal, fiquei entusiasmado, porque ia para a I Divisão de Portugal. Só pensava em agarrar a oportunidade, melhorar a minha vida. Tudo o resto foi uma surpresa.»

No F.C. Porto, qual foi o seu melhor jogo?
«Penso que dei nas vistas em Old Trafford, no jogo da Liga dos Campeões frente ao Manchester United. Estavam muitos clubes a acompanhar esse jogo, acho que foi a minha melhor exibição com a camisola do F.C. Porto e abriu-me muitas portas. Aliás, nessa altura as pessoas em França começaram logo a falar de mim para a selecção. Logo aí, comecei a pensar ma selecção de França, apesar de ter o convite do Senegal.»


Lateral esquerdo explica falhanço nas negociações com os italianos

Cissokho, o Milan e os dentes: «Tinha demasiados empresários»

Pela primeira vez, Aly Cissokho vai ao fundo da questão e explica o falhanço nas negociações com o AC Milan, em entrevista ao Maisfutebol. O lateral esquerdo acabaria por trocar o F.C. Porto pelo Ol.Lyon, num ano de 2009 verdadeiramente incrível para a sua carreira.

O que se passou afinal com o AC Milan e a questão dos dentes?
«Não tenho nem tive problemas de dentes. Os verdadeiros problemas foram financeiros. Isso foi apenas uma forma de encobrir a história. Naquela altura não quis falar sobre o assunto, mas prometi a mim mesmo que um dia iria contar toda a história.»

Pode contar agora. Foram problemas com empresários?
«Sim, sobretudo isso. Quando eu estava em França, procurando alternativas ao Guegnon, acabei por assinar contratos com demasiados empresários. Alguns contratos eram válidos por dois anos, outros eram para colocação em determinado clube. A verdade é que, quando eu cheguei a Milão, apareceram não sei quantos empresários a pedir dinheiro ao AC Milan, mostrando procurações assinadas por mim.»

Quantos contratos assinados com empresários tinha, nessa altura?
«Bem, só em França, posso dizer que assinei contrato com cinco empresários franceses. É preciso ver que eu era um jovem, sem experiência, e estava com uma situação complicada no Guegnon. Então, um ano depois, eu cheguei a Itália e apareceram todos esses empresários a dizer que tinham direitos sobre a minha transferência!»

Para além do empresário português e o italiano. O Milan desistiu por isso?
«Sim, o presidente do AC Milan, que é uma pessoa muito poderosa em Itália, ficou muito nervoso. Eu tenho culpa nessa parte, de ter assinado contratos com demasiados empresários. Mas também ouve desacordo entre os clubes, depois. E disso não tive culpa nenhuma.»

Quando o negócio abortou, pensou que ficaria mais um ano no Porto?
«Claro, e não me importaria nada com isso! Não indo para o AC Milan, eu queria ficar no F.C. Porto, um clube onde me sentia muito bem. Gostei muito do clube e da cidade. Estava feliz em Portugal. Mas entretanto apareceu o Ol. Lyon, falei com o F.C. Porto e aqui estou.»

Como correm as coisas em França?
«Pessoalmente, correm muito bem. Fiz quase todos os jogos, tenho boas condições para proporcionar também à minha família e já cheguei à selecção de França! Foi lindo treinar ao lado de nomes como Henry, Anelka ou Evra. Nunca vou esquecer essa experiência. Agora quero continuar a trabalhar para tentar ir ao Mundial. É difícil, porque a França tem muitos laterais esquerdos. Mas eu acredito sempre.»


Lateral esquerdo tem acompanhado os dragões e Alvaro Pereira

Cissokho e o F.C. Porto: «Precisa de melhorar na segunda volta»

Aly Cissokho pensa no Olympique de Lyon e na selecção de França. Para trás, em apenas alguns meses, ficaram o modesto Guegnon, o Vitória de Setúbal e o F.C. Porto. Contudo, o jovem lateral esquerdo não esquece Portugal e continua a acompanhar a nossa Liga. Confissões em entrevista ao Maisfutebol:

Tem visto os jogos da Liga portuguesa?
«Claro, tento sempre ver. Vi há dias o clássico, que o F.C. Porto perdeu. Foi pena. Aqui é difícil acompanhar, porque a televisão francesa não transmite os jogos da Liga portuguesa, apenas da Liga dos Campeões. Mas apanho a RTP Internacional e vou acompanhando os jogos, do F.C. Porto e não só. Deixei muitos amigos aí.»

O F.C. Porto parece-lhe mais fraco que no ano passado?
«Sim, não está tão forte, mas também seria difícil esperar mais, porque o F.C. Porto perdeu muitos jogadores. Entraram outros, sobram vários com muita qualidade e um treinador que sabe muito bem o que está a fazer. O F.C. Porto precisa de melhorar na segunda volta e acredito que isso vai acontecer. Que seja campeão e ganhe a Taça de Portugal!»

E o Alvaro Pereira, que ocupou o seu lugar, que lhe parece?
«Ainda estive quase duas semanas com ele no Porto, antes de seguir para o Olympique de Lyon. Tem qualidade, é internacional pelo Uruguai e penso que se vai impor. Não é fácil jogar no F.C. Porto, é preciso manter um nível bem alto, em todos os jogos. Mas penso que ele, tal como o resto da equipa, também irá crescer na segunda metade da época.»

Que lhe apetece dizer, olhando para o último ano?
«Obrigado. Sim, sem dúvida. Muito obrigado, Portugal! Graças a vocês, às oportunidades que tive aí, a minha vida é muito melhor agora. Estive para cair para a III Divisão de França e num ano cheguei à Liga dos Campeões, ao Ol. Lyon e à selecção nacional. Foi um ano incrível!»

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