terça-feira, 27 de abril de 2010

F.C. Porto: Jesus regressa para vingar a festa do Penta

Jorge Jesus regozija-se pela época de sucesso do Benfica. O treinador colocou os encarnados no topo da Liga. Agora, prepara a visita a um F.C. Porto afastado da luta pelo quinto título consecutivo. Curiosamente, em 1999, Jesus era o treinador adversário na festa do Penta azul e branco.

As voltas do destino. Jesus regressa ao Porto para vingar essa presença indesejada na celebração dos dragões. O E. Amadora foi figurante numa festa sem paralelo no futebol português. Jesualdo queria repetir o feito na presente época. Benfica e Braga não o permitiram.

O F.C. Porto vinha de um empate em Alvalade (1-1), suficiente para libertar as rolhas do champanhe. Fernando Santos abandonara o Estrela para ser o «Engenheiro do Penta». Curiosamente, seriam os homens da Amadora a surgir pelo caminho, na última jornada do campeonato, em 1998/99.

Jorge Jesus, já satisfeito por ter conduzido a equipa da Reboleira ao 8º lugar, não conseguiu evitar o desaire nas Antas. Os dragões venceram em dia de celebração: 2-0, golos de Drulovic e Jardel. Onze anos depois, Jesus regressa com o firme objectivo de fazer a festa vermelha, em pleno Dragão. Um ponto chega. Se o Braga não vencer, até perder serve.

«Vencemos o Penta e falava-se no Hexa»

João Manuel Pinto recorda aquele dia com emoção. Com a camisola do F.C. Porto, inscreveu o seu nome numa página histórica do futebol português. «Era um ambiente muito festivo, com as Antas a abarrotar. Estávamos todos pintados, com máscaras, e naqueles momentos sentimos vontade de abraçar todos, amigos e até inimigos. Lembro-me que, na véspera, nem conseguimos dormir. Foi inédito, vencemos o Penta e já se falava no Hexa», recorda o antigo defesa, ao Maisfutebol.

Como adepto, avança no tempo para desejar o sucesso encarnado no Dragão: «Eu, sendo benfiquista como já admiti, gostaria de ver a questão do título decidida já, para permitir a festa na Luz, jogadores de caras pintadas logo de início, a entrar ao lado dos filhos. Mas acho que vai ser um jogo muito quente, sobretudo difícil para o árbitro. O Porto não vai querer o seu maior rival a festejar em sua casa»

«O problema do Porto foi perder dois grandes jogadores, Lucho e Lisandro, que encantavam o público português. O Benfica, pelo contrário, teve 22 jogadores a responder bem toda a época. O problema não foi o Jesualdo. Fui orientado por ele no Benfica e é um excelente treinador, com grandes resultados por onde passou», remata João Manuel Pinto, a partir da sua Academia em Tarouca, Lamego. A médio prazo, o antigo defesa espera ser treinador na Liga.

«Jesus chegou demasiado tarde a um grande»

Lázaro Oliveira estava do outro lado. Naquela tarde, ele e os outros jogadores do E. Amadora foram figurantes na festa azul e branca. «Lembro-me bem do jogo. Perdemos 2-0 com um ambiente fantástico nas Antas. Os jogadores do F.C. Porto entraram com as caras pintadas, algo que na altura estava a entrar em moda», começa por dizer o actual treinador do Penafiel.

«Estragar a festa ao rival? Não acredito que os jogadores do Porto tenham isso em mente. Isso é mais uma coisa do público. O Porto é tetracampeão, sabe que vai ter de passar o testemunho a Benfica ou Braga e, certamente, quererá fazê-lo com brilho», acrescenta.

Desse ano, Lázaro recorda o início da convivência com Jorge Jesus. Enfim, o homem que espera fazer, neste domingo, a sua festa no recinto portista. «Naquela altura já se notava que o Jesus tinha potencial para ir longe. Acho que ele chegou demasiado tarde a um grande. A prova está no campeonato fantástico que tem feito, não só por estar na frente, mas a nível exibicional. Se for campeão vai ser com todo o mérito. Algumas pessoas levantaram dúvidas quando ele foi contratado, por isso julgo que agora é justo destacá-lo», remata o técnico, em conversa com o Maisfutebol.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Manuel José: «Nuno Gomes e Mantorras? Tudo tem o seu tempo»

Nuno Gomes não marca há quatro meses e oito dias. A 12 de Dezembro de 2009, deu o empate ao Benfica frente ao Olhanense (2-2), próximo adversário na corrida pelo título. Mantorras continua em branco. Nem um minuto, na presente época. Dois nomes, um destino: torcer por fora.

Jorge Jesus orienta um plantel com qualidade acrescida, rodeando-se de opções entusiasmantes. Weldon passou a arma secreta, Kardec e Éder Luís chegaram em Janeiro para aumentar o número de sombras de Cardozo e Saviola.

Numa época, os crónicos salvadores do Benfica perderam quase todo o espaço nas fichas de jogo. Nuno Gomes e Mantorras vibram com o sucesso encarnado, sacrificando os objectivos pessoais.

Manuel José, que lançou o português no Boavista e orientou o angolano na selecção, considera que ambos devem acabar as carreiras no Benfica. Casos distintos, ainda assim.

«A idade não perdoa»

«Acho que um jogador com o passado do Nuno Gomes deve terminar num grande clube. Podia fazer como o Beckham, andar nos Estados Unidos, mas mais vale estar no Benfica do que andar a arrastar-se por aí», começa por dizer o técnico, ao Maisfutebol.

Nuno Gomes ainda deixou a sua marca, na primeira metade da época. 199 minutos na Liga, 3 golos. A segunda melhor média da competição, apenas superada pelo registo impressionante de Weldon, a aposta de Jesus. O português ainda marcou ao Bate Borisov, na Liga Europa. Em 2010, desapareceu.

Carlos Queiroz surpreenderá na lista para o Mundial? «De certeza que o Queiroz não o vai chamar. Lembro-me que, quando chegou, ele disse que o Nuno não contava. Depois, quando estava aflito, acabou por o chamar. Mas tudo tem o seu tempo, a idade não perdoa. O trajecto do Nuno está a acabar, apesar de ele provar que ainda é uma opção válida. Só que o Benfica tem agora mais soluções», lembra Manuel José.

«Mantorras vai sofrer a vida toda»

Pedro Mantorras tem 28 anos, menos cinco que o português. Contudo, os problemas físicos comprometeram definitivamente a carreira de um jogador com enorme potencial. «Lembro-me perfeitamente que, ainda na época passada, o Mantorras jogou 62 minutos e fez dois golos. Sempre foi eficaz.»

«Ele é um caso especial. Pelo futuro que perdeu, devido à lesão e à operação mal conseguida, deve terminar a carreira no Benfica», considera Manuel José, seu antigo técnico na selecção de Angola. O português antevê uma despedida a breve prazo. «Ele até pode acabar a carreira no final desta época, mas a lesão vai acompanhá-lo. O Mantorras vai sofrer a vida toda, vai ter muitos problemas», lamenta.

Na recta final da conversa com o Maisfutebol, Manuel José voltou a garantir que o seu futuro passa por novo projecto no estrangeiro. «Não houve contactos do Sporting. Como disse, o meu futuro passará pelo estrangeiro. Para já, ainda não há nada de concreto», rematou.

sábado, 10 de abril de 2010

Benfica: Urretaviscaya pode ser campeão em dois países

O Benfica está na frente da corrida para levantar o ceptro nacional. Na terça-feira, a formação encarnada procura dar um passo de gigante no clássico frente ao Sporting. Urretaviscaya, do outro lado do Atlântico, sorri com dupla felicidade.

O extremo rumou ao Uruguai por empréstimo, em Janeiro de 2010. Neste sábado à noite, com a camisola do histórico Peñarol, Urreta pode vencer o Torneio Clausura do país sul-americano. Enquanto isso, fica a torcer pelo Benfica de Jorge Jesus.

Apesar da insistência ao longo da semana, o jovem extremo manteve-se incontactável e, como tal, indisponível para comentar este tema e a realidade encarnada.

Brilhar apenas no clássico

Jonathan Urretaviscaya fez apenas um jogo na Liga 2009/10, mas bastou. Os adeptos encarnados foram surpreendidos com a exibição do veloz uruguaio no clássico frente ao F.C. Porto, resolvido com um golo de Javier Saviola (1-0).

O seu destino, contudo, já estava traçado. A 20 de Dezembro, empolgou frente aos dragões. A 12 de Janeiro, viajava para representar o Peñarol, por cedência até final da época. O avançado, com apenas 20 anos, quis acumular minutos para sonhar com o Mundial de 2010.

No campeonato uruguaio, Urreta marcou três golos, dois deles frente à anterior equipa, o River Plate de Montevideo. Neste sábado, o seu Peñarol defronta o Fenix, actual segundo classificado. Com sete pontos de vantagem e quatro jornadas por realizar, um triunfo determina um campeão antecipado.

Airton também pode festejar a dobrar

Urrestaviscaya terá um parceiro do festejo duplo, caso o Benfica garante a conquista do título português. Airton foi campeão no Brasil, pelo Flamengo, antes de rumar ao Estádio da Luz na reabertura do mercado. O jovem canarinho tem servido de alternativa a Javi Garcia, no plantel encarnado.

Entre os atletas cedidos pelo Benfica, Patric também luta por um troféu. Contudo, o lateral direito não chegou a alinhar na Liga portuguesa. Cedido ao Cruzeiro de Belo Horizonte, o jogador viria posteriormente a rumar ao Avaí, clube que lidera o Campeonato Catarinense.

Shaffer e Keirisson foram utilizados por Jorge Jesus na primeira volta da Liga, antes de serem encaminhados para outros destinos. O argentino foi emprestado ao Banfield, campeão na Abertura, actual 6º classificado no Torneio de Clausura. O avançado brasileiro, pertencente aos quadros do Barcelona, transitou para a Fiorentina, marcando apenas um golo em Itália.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Real-Barça: CR9 contra Messi, ou o duelo luso entre Pedro e Gugu

O Real Madrid recebe o Barcelona. Cristiano Ronaldo recebe Leo Messi. Por fora, duas promessas portuguesas travam um duelo de emoções. Pedro Marques cresce no Real C, Luís Gustavo (Gugu) está nos juvenis do clube catalão.

Na véspera do clássico do milénio, pomposa designação veiculada pela imprensa espanhola, o Maisfutebol confrontou dois nomes ainda desconhecidos do grande público. Também eles são Real Madrid e Barcelona, um futuro com olhos postos no presente.

Em igualdade pontual na tabela classificativa, «merengues» e «culés» agendaram um duelo de titãs para o Santiago Bernabéu. Nas manchetes, Real é apenas Ronaldo, Barça vive de Messi. Os dois melhores jogadores do Mundo na arena.

«Eu gosto mais de ver o Messi a jogar, é incomparável, faz coisas incríveis. Marcou quatro golos num jogo da Liga dos Campeões, frente a uma equipa como o Arsenal», atira Luís Gustavo, de 17 anos. Pedro Marques, de 22, responde de pronto: «Eu prefiro o Cristiano Ronaldo. É mais alto, mais forte, joga melhor de cabeça. É mais completo. E não é por ser português. Se fosse francês, dizia a mesma coisa.»

Pedro Marques e Luís Gustavo confirmam as suspeitas. Espanha vai parar para assistir ao Real-Barça. «Aqui, não se fala de outra coisa. É uma possibilidade única para o Real, que pode escapar com mais três pontos e garantir vantagem no confronto directo. É importantíssimo. As duas equipas estão muito fortes», diz o primeiro. «Em Barcelona, há uma grande expectativa, se bem que parece que a notícia é saber quem é melhor, Messi ou Ronaldo. O Messi não pode fazer tudo sozinho», lembra o segundo.

O F.C. Porto e a força de Ronaldo

Lançada a discussão, aqui fica a reapresentação dos artistas em formação. Pedro Marques passou pelos escalões de formação de Sporting, Académica e Naval 1º de Maio, antes de rumar ao Real Madrid, em 2006. Dois anos depois, assinou um contrato profissional com os «merengues», válido até 2011.

O médio português evolui no Real Madrid C e tem crescido com os conselhos de Cristiano Ronaldo. «Ele tem-me ajudado muito. Tive uma lesão no tornozelo na época passada e, no início da época, tive uma recaída, na mesma altura que ele. Ele deu-me força, estava sempre a perguntar-me se estava bem. Tem sido importante», revela.

Pedro Marques reconhece o afastamento da realidade portuguesa, mas não se mostra arrependido com a sua aposta. «Tem sido uma experiência muito boa. Quem já me viu jogar, sabe do meu valor. E espero, num futuro próximo, mostrar aos portugueses em geral o que valho. Tenho mais um ano de contrato e sonho jogar numa primeira liga», conclui.

Luís Gustavo nasceu em Braga. Aos cinco anos, foi para o Brasil com os pais. Aos 13, chegava a Barcelona. Apesar do sotaque canarinho, Gugu continua a sentir-se português, a manifestar o desejo de representar a selecção nacional. Médio, outrora ofensivo, agora transformado em pivôt.

«Aqui no Barcelona é uma posição importante, por onde passa todo o futebol. Sinto-me bem e quero continuar a crescer. Quanto ao Mundial, claro que ficarei um pouco dividido no jogo entre Portugal e Brasil, mas vou torcer pela selecção portuguesa. Quanto a clubes, nunca escondi que torço pelo F.C. Porto. Adoraria jogar lá um dia», remata Gugu.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Diário de Nuno Alves: uma semana no Liverpool atrás de um sonho

Os sonhos começam assim. Quase do nada. Num ápice, um grão de esperança ergue-se e gera uma nova realidade. As probabilidades extravasam a lógica, a ambição toma um papel decisivo na narrativa. É a isso que Nuno Alves se propõe e é essa a caminhada que o Maisfutebol vai acompanhar num diário muito especial.

O jovem algarvio inicia na próxima segunda-feira uma semana de treinos na Academia do Liverpool. Ao final de cada dia, escutaremos as impressões, os anseios, os desabafos de Nuno e passaremos tudo aos nossos leitores.

Quem é Nuno Alves? Tem 15 anos, joga nos iniciados do Esperança de Lagos e deu nas vistas num torneio inter-associações. O departamento de prospecção do Liverpool estava atento e lançou o repto. Nuno é o único português e faz parte de um restrito grupo 25 de candidatos, oriundos dos quatro cantos do planeta.

A viagem para a cidade dos Beatles está marcada para domingo. O adolescente vai sozinho. «Já não consigo pensar em mais nada», exclama Nuno Alves ao nosso jornal. «Acredito nas minhas capacidades. Vou fazer tudo, mesmo tudo, o que está ao meu alcance. Posso vir a ser jogador do Liverpool.»

É esta a ambição que Nuno quer demonstrar aos observadores dos reds e ao próprio Rafa Benítez. O técnico do plantel principal costuma seguir de perto este tipo de testes e faz questão de dar a sua opinião. «O que posso dizer sobre o Liverpool? É um clube famoso, carregado de títulos europeus e jogadores famosos.»

E o ídolo Steven Gerrard ali tão perto

Nascido em Tomar, Nuno Alves chegou com três anos ao Algarve. É sportinguista, chegou a fazer uns treinos nas escolinhas dos leões, mas só conheceu um clube até hoje: o Esperança de Lagos. É um médio-ofensivo de grande talento e um estudante exemplar.

«Ando no nono ano e tenho-me portado bem. Vou só uma semana para Inglaterra e espero voltar lá na próxima época. A família deu-me total apoio. O meu pai diz que é uma oportunidade única. A minha mãe está um pouco preocupado e só quer que tudo corra bem.»

Em Liverpool vai estar perto de um grande ídolo. «Adoro o Steven Gerrard, é um jogador completo», refere, cheio de vontade de conhecer Anfield Road, o mítico estádio do Liverpool. Na próxima quinta-feira, curiosamente, vai jogar lá o Benfica. «Eu chego alguns dias depois. É uma coincidência.»

Os clubes ingleses apostam cada vez mais na contratação de adolescentes. No Liverpool, por exemplo, está Toni Brito; o Chelsea tem Kaby e Mesca; em Old Trafford trabalhou Rico Gomes, agora no Stoke City. Rui Fonte, a jogar no V. Setúbal, passou alguns anos no Arsenal.

Agora é a vez de Nuno Alves. Este é o seu primeiro retrato. A partir de domingo, vai poder conhecê-lo muito melhor no diário publicado no Maisfutebol.

O outro Liverpool, com bifanas, peão e bilhetes «low-cost»

No plano futebolístico, a «cidade dos Beatles» divide-se entre o Liverpool FC e o Everton. Um facto sobejamente conhecido. O que muita gente não sabe é que o próprio Liverpool FC, próximo adversário do Benfica na Liga Europa, também sofreu uma cisão. Ligeira, mínima até. Esta será, aliás, uma forma abrupta demais para descrever o caso, mas a verdade é que existe um outro Liverpool, oriundo do original. Falámos do AFC Liverpool.

Provavelmente, o nome não dirá grande coisa à maior parte dos leitores. Mas os membros do clube consideram-se um «exemplo a seguir». A estória é, toda ela, curiosa. Um grupo de adeptos do Liverpool, o autêntico, revoltou-se contra as constantes subidas do preço dos lugares anuais e dos bilhetes dos jogos. A crise bate a todas as portas.

Ora, perante a impossibilidade de assistir a todos os jogos do Liverpool, qual a solução? Ficar em casa e ver pela televisão? Pura e simplesmente desistir do clube? Nada disso. Arredados de acompanhar o Liverpool, decidiram criar o seu próprio Liverpool. E assim, no ano de 2008, nasceu o AFC Liverpool.

O Maisfutebol conversou com Paul McCombs, um dos fundadores e actual vice-presidente, que explicou que o aumento do preço dos bilhetes não foi motivo único para a criação do novo clube.

«Queríamos dar aos adeptos do Liverpool uma alternativa à Premier League. Nós mantemos as tradições e a atmosfera que os adeptos do Liverpool puderam desfrutar ao longo de gerações. Há valores que se perderam com o tempo e queremos preservá-los», garante.

Um regresso, portanto, ao tempo do peão, das bifanas e dos animados convívios antes dos jogos.

«Falhámos a subida, mas ganhámos uma Taça»

O AFC Liverpool joga na sexta divisão inglesa, equivalente ao segundo escalão dos distritais em Portugal. Falámos, obviamente, da equipa sénior, uma vez que, ao todo, são 14 as equipas que o clube tem nos seus quadros, entre seniores, camadas jovens e futebol feminino. O apoio vai tendo algum peso.

«Nos piores jogos temos sempre 350 espectadores e, no melhor dos casos, chagamos aos 600. Há equipas de Ligas superiores que não conseguem estes números. E convém lembrar que muitos dos nossos adeptos continuam a assistir aos jogos do Liverpool FC», frisa.

Segundo Paul McCombs, os objectivos desportivos passam por chegar o mais longe possível na «pirâmide do futebol inglês». «No ano passado falhámos a subida, mas ganhámos uma Taça», afirma.

«Não queremos ser um clube político»

Apesar das raízes do AFC Liverpool estarem intimamente ligadas a uma cisão com o original Liverpool, os fundadores garantem não haver qualquer tipo de animosidade. «Não queremos ser um clube político. Não nascemos para destilar ódio contra os donos americanos do Liverpool, como acontece com os adeptos do Manchester United, por exemplo. Sabemos que o futebol se tornou um grande negócio e isso não se pode mudar. Mas há alternativas e nós queríamos arranjar uma. Foi o que fizemos», esclarece, reforçando, até, que o grande sonho da equipa seria «defrontar o Liverpool FC».

«Acho que somos um grande exemplo daquilo que se pode fazer quando se acredita que se é capaz. É preciso ter a certeza acerca das nossas convicções. Se o tivermos, depois é trabalhar», defende Paul McCombs.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

África do Sul: extrema-direita pronta para retaliar após «crime de ódio»

O homicídio de Eugene TerreBlanche, líder da extrema-direita sul-africana, deverá originar retaliações num futuro próximo, em vésperas do Campeonato do Mundo de 2010. Andre Visagie, o secretário-geral do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), deixou o aviso em declarações ao tvi24.pt.

A Federação Portuguesa de Futebol aguarda pelo desenrolar dos acontecimentos e não fará comentários públicos sobre o tema, segundo as informações recolhidas. Contudo, existem motivos de preocupação. A selecção nacional irá ficar alojada em Magaliesburg, a cerca de 100 quilómetros de Ventersdorp, localidade que serve de base à AWB.

«Estamos todos revoltados com este assassínio e iremos reunir-nos a 1 de Maio, em Pretória, para discutir as medidas a tomar. Os líderes do movimento não querem responder na mesma moeda, mas infelizmente não podemos garantir que outras pessoas o façam, face a esta morte», começou por dizer Visagie.

«Foi um crime de ódio»

As autoridades africanas garantem que Eugene TerreBlanche foi morto, na noite de sábado, devido a uma questão laboral. Dois trabalhadores negros da sua exploração agrícola, de 16 e 21 anos, espancaram o extremista branco, de 69 anos, com uma barra de ferro, até à morte. Em causa, supostos salários em atraso.

Andre Visagie e seus pares não acreditam na tese. «Uma pessoa vai ao quarto do patrão por salários em atraso? Vai discutir salários em atraso com uma barra de ferro? Por último, se quer receber, mata o seu patrão com essa mesma barra de ferro? Nós acreditamos que foi um crime de ódio», frisa.

«Esta morte surge dias depois das canções de ódio de Julius Malema, do Congresso Nacional Africano (ANC), incitando negros a matar brancos. Não podemos garantir que estes dois jovens que cometeram o assassínio estavam nas listas do partido, mas acompanhavam o mesmo», remata o secretário-geral do AWB.

Zona tensa no Mundial

Os líderes sul-africanos apelam à calma e união, a dois meses do Mundial. Em Ventersdorp, extremistas brancos juntam-se para prestar homenagem a Eugene TerreBlanche. A 1 de Maio, têm reunião marcada em Petrória, não em Joanesburgo, como foi aventado.

Magaliesburg, quartel-general de Portugal para o Campeonato do Mundo, está situado entre estas localidades. «Nós não vamos interferir com o Mundial. Posso deixar essa garantia. O que dizemos é isto: confiámos nas autoridades sul-africanas para proteger o nosso líder e ele foi morto com uma barra de ferro. Portanto, recomendamos que as selecções não confiem tanto nas autoridades como nós confiámos», diz Visagie.

«A selecção de Portugal vai ficar aqui perto? Bem, quanto a isso só posso dizer que Joanesburgo é uma das cidades mais perigosas da África do Sul. Ainda para mais, com um clima destes», conclui o dirigente do AWC, com serenidade na voz.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Peçanha e Helton, rivais unidos pela amizade e pelo pagode

Helton e Peçanha serão adversários no sábado, defendendo as balizas de F.C. Porto e Marítimo no Estádio do Dragão. Contudo, nada irá abalar uma amizade que se arrasta há mais de duas décadas. Os dois guarda-redes são vizinhos no Brasil.

São Gonçalo, município no Rio de Janeiro, viu nascer dois talentos para a defesa de redes, com ano e meio de diferença. Enquanto jovens, Helton e Peçanha eram rivais nos duelos entre Vasco da Gama e Flamengo. Uma imensa história em comum.

«É verdade, nunca me perguntaram sobre isso antes, mas já conheço o Helton desde pequeno. Só tenho a falar bem dele. Veja só: o Helton até colocou a sua banda (ndr. Toque Social) para tocar no meu casamento, como prenda», revela Peçanha, no início da conversa com o Maisfutebol.

A proveniência denunciou a cumplicidade. São da mesma cidade, têm idades semelhantes (31 para Helton, 30 para Peçanha) e cresceram a defender as balizas de dois históricos cariocas. Coincidências a mais. «Não o conheço de berço, mas desde muito jovem. Lembro-me de jogar contra ele, no Flamengo-Vasco», recorda.

Helton explodiu no Vasco da Gama, depois de tentar a sua sorte em clubes como o Fluminense e o Flamengo. Não foi colega de Peçanha por ter caído de uma árvore, depois de convencer os responsáveis do clube. Ficou com um coágulo na cabeça e teve a carreira em risco.

Reencontro em Portugal

Peçanha passou por emblemas de menor expressão, chegando ao P. Ferreira em 2005. Nessa altura, Helton trocava a U. Leiria pelo F.C. Porto. Hora de reencontro. «Quando estávamos próximos, fazíamos jantares, também com o Ibson, que nasceu na mesma cidade. Então, em 2007, quando eu casei, ele foi à cerimónia e decidiu oferecer a banda como prenda. Mais não posso contar», diz o actual guarda-redes do Marítimo, soltando um sorriso cúmplice.

O Maisfutebol revelou, em 2008, os dotes do titular portista ao piano. Helton leva de resto um violão para todo o lado, estágios incluídos, e patrocina uma banda de pagode, Toque Social.

O F.C. Porto-Marítimo permitirá novo reencontro, mas Peçanha descarta facilitismos. «Não quero que pensem que, por estar a contar isto, vou estar a facilitar. Nem falei com o Helton antes do jogo, não gostamos de perder a concentração. Vamos tentar surpreender o F.C. Porto», promete.

Helton, Eduardo e a sondagem portista

O guarda-redes brasileiro brilhou no P. Ferreira e chegou a ser apontado aos grandes. Agora, revela os contornos reais dos boatos: «No último ano do Paços, chegaram a falar-me do F.C. Porto, mas não apresentaram contrato. Isso passou, fui para a Grécia e agora quero continuar a ajudar o Marítimo, com quem tenho mais um ano de contrato.»

Aos 30 anos, Peçanha é um dos bons guarda-redes da Liga, recolhendo elogios da crítica. E para ele, quem são os melhores? A resposta sai curta, sem hesitações. «O Hélton é o melhor da Liga. Tem qualidade indiscutível, não tem nada a ver com a amizade. Os adeptos criticam de vez em quando, mas ele tem estado muito bem esta época. O melhor português? Eduardo. Sem dúvida. Merece a baliza da selecção de Portugal», remata, qual ponta-de-lança.