quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Conheça a equipa feminina que lidera uma Liga de rapazes

As meninas do Atlético de Madrid estão a deixar dezenas de rapazes a corar de vergonha. A equipa Alevín A, com jogadoras de 10 e 11 anos, lidera o campeonato da categoria em Espanha. Com um pormenor delicioso: as restantes formações são exclusivamente masculinas!

«Nunca na história do futebol feminino uma equipa chegou ao ponto mais alto num campeonato com equipas masculinas. É um grande orgulho e satisfação», reconhece o técnico David Fernández, de apenas 20 anos.

No Grupo 10 de Futebol de 7, na categoria Avelín, não há como elas. A outra equipa feminina é precisamente a formação B do Atlético de Madrid, colocada no 12º lugar entre 13 equipas. A equipa A lidera com 25 pontos em 9 jogos, 32 golos marcados, 6 golos sofridos e muitas piadas pelo meio.

As capitãs de equipa, Raquel Poza, Laura Bravo e Sandra Calvo relatam a sua experiência no terreno de jogo, frente a elementos do sexo oposto: «Em alguns jogos, chamam-nos de barbies e outro tipo de insultos, mas fazemos como se não ouvíssemos nada. É a primeira vez que estamos na frente da classificação e esperamos ficar muito tempo nessa posição.»

O jovem técnico da equipa, David Fernández, acrescenta pormenores. «Reparei que, sempre que uma equipa feminina vence uma masculina, os rapazes choram por terem perdido com raparigas, sentem-se impotentes. Digo sempre às minhas jogadoras para irem cumprimentar os adversárias, mas estes muitas vezes recusam fazer-lo», lamenta.

«O que mais prejudica o futebol feminino é a sociedade. Eu não vejo diferenças nas camadas jovens entre uma rapariga e um rapaz. Muitas raparigas jogam melhor que os rapazes e em alguns casos demonstram mais força e garra para vencer as partidas», remata David Fernández.

«É de louvar liderar numa Liga masculina»

Edite Fernandes é a nossa representante feminina no Atlético de Madrid, a par de outra internacional portuguesa, Sofia Vieira.

A jogadora de 29 anos tem acompanhado o sucesso das jovens do clube espanhol. «Já tinha conhecimento e por vezes vejo-as. Aliás, no início da época falou-se na possibilidade de eu treinar uma dessas equipas, mas depois não foi possível», começa por explicar, ao Maisfutebol.

«É de louvar uma equipa feminina que lidera uma Liga masculina. Sobretudo no mundo do futebol, que é tradicionalmente de homens. Sendo crianças, imagino que ainda custe mais a esses rapazes lidar com as derrotas», brinca Edite Fernandes.

O At. Madrid é uma referência no futebol feminino, em Espanha: «É um dos clubes mais importantes e tem equipas femininas em todos os escalões, desde os 6 anos até aos seniores, onde jogo eu e a Sofia.»

«O futebol feminino em Espanha não é nada comparado com Portugal. Ainda assim, há melhor na Europa, sobretudo nos países nórdicos. Eu sou profissional no At. Madrid, mas não me esqueço o tempo em que estive na China. Lá, treina-se duas vezes por dia, o campeonato é tremendo e os salários também», conclui Edite Fernandes.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jobson, a história de um craque tramado pelo crack

«Jobson é uma das maiores promessas do futebol brasileiro», garantem ao Maisfutebol. Era. Apanhado duas vezes no controlo antidoping, com cocaína no organismo, o avançado de 21 anos escapou à irradiação mas enfrenta um castigo de 24 meses! Dois anos sem pisar um relvado. A culpa é do crack.

O crack é a cocaína dos pobres. Feita de restos da droga maldita, popularizou-se no Brasil profundo e espalhou-se para a classe média, a classe alta, o futebol. Jobson, apelidado de Jobshow pelo seu futebol desconcertante com a camisola do Botafogo, foi o primeiro jogador de equipas de topo a reconhecer o consumo de crack.

Não teve como fugir. O avançado acusou positivo em dois exames, a 6 de Novembro e 8 de Dezembro de 2009. Se os casos fossem analisados em separado, nunca mais jogaria futebol profissional. Jobson começou por negar. Nem cocaína, a substância detectada, nem nada. Com a contra-análise, a primeira confissão: experimentara uma vez, em festa com actrizes famosas. Crack, cocaína não.

A 20 de Janeiro de 2010, quando Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva anunciou a pena de dois anos de suspensão, Jobson já admitira toda a verdade. Ou quase. Consumia crack desde 2008, dos tempos do Brasiliense, na Capital Federal: «Eu fumei crack, e não foi a primeira vez. Eu uso desde aquela época. Não sei dizer se sou viciado ou não.»

«Problema grave da sociedade brasileira»

Jobson Leandro Pereira de Oliveira nasceu em Conceição de Araguaia, bem para lá de Belém de Pará, há 21 anos. Doze meses depois, foi abandonado pelo pai. A mãe transmitiu-lhe bons valores, mas o talento para o futebol trouxe as más companhias.

O presidente do Brasiliense culpa as origens do jogador. Em Conceição de Araguaia, surgem gritos de revolta e alerta. O crack entrou na vida de Jobson na Capital Federal, em festas de famosos. E não mais saiu.

«Quando contratámos o Jobson, sabíamos que ele tinha vários problemas, como a bebida, mas não tínhamos conhecimento disto. É um problema muito grave da sociedade brasileira e também do futebol. Temos de encarar este problema de frente», diz Estevam Soares, o seu treinador no Botafogo, em conversa com o Maisfutebol.

Jobson tem 21 anos, surgiu no Brasiliense e explodiu no Botafogo. O Cruzeiro ficou encantado e avançou. Tudo estava acertado. Tudo caiu por terra com o escândalo, dois controlos positivos de cocaína, uma confissão de consumo de crack. Um derivado, mas Jobson não sabia, garante o próprio.

A justiça não perdoou. Fez dele um exemplo para os jovens. Estevam Soares critica: «Temos de ajudar o homem, só depois pensar no desportista. Lancei uma campanha para acarinhá-lo aqui no Botafogo. Tratá-lo, acompanhá-lo, porque ele usou a droga por falta de estrutura psicológica. Castigá-lo assim é mandá-lo para o abismo. Vamos recuperar o homem e depois, quem sabe, reaproveitar o jogador. Porque o Jobson é uma das maiores promessas do futebol brasileiro». Era. Até ser tramado pelo crack.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Canales, uma estrela espanhola que explodiu em 40 dias

Na Liga espanhola, em fase de reabertura de mercado de transferências, todos sublinham este nome: Sergio Canales. Aos 18 anos, com cinco golos em oito jogos, a promessa do Racing de Santander desperça a cobiça dos gigantes Real Madrid e Barcelona. Quem é este franzino loiro, com 65 quilos e um pé esquerdo que espantou meio Mundo?

Sergio Canales Madrazo é uma lufada de ar fresco na cena futebolística da Cantabria, uma região a clamar por talentos. Despontou nas selecções jovens de Espanha mas continuava escondido no Racing de Santander, somando meia dúzia de aparições em 2008/90 e um par na primeira metade de 2009/10.

O menino bonito de Santander explodiu em 40 dias. De repente, todos falam dele, ou pelo menos já ouviram falar. Mais uma prova do poder avassalador da comunicação global. De Dezembro de 2009 a Janeiro de 2010, criou-se uma estrela que espalha luz pelos relvados.

Portugal determinante

A 6 de Dezembro, Sergio Canales marca o primeiro golo na Liga espanhola. O Racing trocou Juan Carlos Mandiá pelo seu técnico predilecto, Miguel Angel Portugal, afastado dos gabinetes do Real Madrid. Portugal nem hesita. Tinha de ser aquele miúdo a tirar a equipa do fundo. Dito e feito.

Estamos a 19 de Janeiro de 2010. Em 43 dias, com Natal e Passagem de Ano pelo meio, Sergio Canales acumulou cinco golos em quatro jogos. Ficara em branco nos dois primeiros testes, agora não sabe parar.

«Parecenças com Futre»

«Pela forma de jogar, pelo seu pé esquerdo e velocidade, diria que Canales tem algumas parecenças com Paulo Futre», diz Jorge Gonçalves ao Maisfutebol. O antigo extremo do Leixões passou uma época no Racing, antes do regresso a Portugal para alinhar no V. Guimarães.

Sergio Canales não surge do nada. Foi trabalhado ano após ano, talhado para um futuro brilhante, mas poucos conseguiram disfarçar o espanto pela tranquilidade, a classe, a categoria deste médio, ou extremo, ou avançado de apenas 18 anos. O presidente do D. Corunha antecipou-se. Quando o Racing resgatou Munitis, o perspicaz Lendoiro garantiu 50 por cento do passe de Canales. Manobra de mestre.

«Treinei com ele no Santander e percebia-se que tinha valor, futuro, mas é sempre difícil adivinhar o momento em que ia surgir com esta qualidade. É um jovem de 18 anos, muito versátil. Joga no meio, na esquerda, no ataque. Dentro do campo, sempre demonstrou uma personalidade forte», recorda Jorge Gonçalves.

Fora dos relvados, Santander abraça a estrela. Canales deixou de andar de autocarro e vai buscar a namorada à escola, tímido ao volante do seu Peugeot 207. Pelo caminho, centenas de miúdas, beijando e pedindo autógrafos ao craque angelical, um bom retrato do genro perfeito. Ficará na Cantabria por muito tempo?

«Golo de Falcao foi provalmente marcado com a mão»

Falcao queixa-se de golos mal anulados nas últimas jornadas, mas motiva também protestos dos adversários. Os jogadores do Paços de Ferreira, por exemplo, estiveram a rever o jogo do Estádio do Dragão e consideram que o colombiano garantiu o empate do F.C. Porto... com a mão.

«Na altura, nem me apercebi disso, sinceramente. Saltei e já só me lembro de chocar com o Ricardo e ouvir o barulho dos adeptos a comemorar. O Danielson é que se apercebeu logo, porque estava em melhor posição, e protestou que o Falcao tinha marcado o golo com a mão», explica Cássio, em conversa com Maisfutebol.

O guarda-redes do P. Ferreira relata a discussão dos jogadores pacenses na manhã deste domingo, no regresso ao trabalho na Mata Real. «Só hoje, quando chegámos ao treino, é que estava a passar a repetição do jogo e ficámos todos a ver. Aí percebemos que o golo do Falcao foi provavelmente marcado com a mão. Até porque se a bola tivesse batido na cabeça, sairia com muito mais força», lembra.

De qualquer forma, Cássio não quer falar em resultado adulterado. «Não vamos falar sobre a intenção do Falcao, se desviou intencionalmente ou não. Também não podemos falar sobre a intenção do árbitro. Não esqueço, por exemplo, que o Falcao teve um golo anulado na primeira parte. Não queremos ser beneficiados, mas também não queremos ser prejudicados», remata o guardião canarinho.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mundial: conheça o local disputado por Portugal e Brasil (fotos)



Portugal e Brasil estão em campo para o primeiro duelo, a meio ano do arranque do Campeonato do Mundial de 2010. Nesta altura, joga-se longe dos relvados. As duas federações disputam o mesmo local de estágio na África do Sul. Sem cedências de parte a parte, será a FIFA a decidir quem ficará no Hotel Fairways, inserido no clube de golfe de Randpark.

Carlos Queiroz já admitira que Portugal iria ficar alojado em Joanesburgo. Contudo, o Brasil traçou um plano semelhante e ficou encantado com a unidade hoteleira que está a ser concluída no interior do complexo de golfe de Randpark. O Hotel Fairways será inaugurado em Maio e aposta na classificação máxima de cinco estrelas.

Christopher Trimble, director-geral da Guvon Hotels, companhia responsável pela construção do hotel, revela ao Maisfutebol os contornos de um duelo que tem sido coberto por um pequeno manto de silêncio. «Inicialmente, tínhamos quatro selecções interessadas em ficar aqui. Uma desistiu logo. Entretanto, nos últimos dias, o México também decidiu não esperar mais e escolher outro lugar», começa por dizer.

«Assim sendo, o hotel ficará à disposição de Brasil ou Portugal. Será a FIFA a decidir, uma vez que as duas federações estão interessadas. Penso que a decisão final surgirá no espaço de duas semanas. Mas, seja Brasil ou Portugal, já temos a garantia que será uma selecção de topo a ficar no Hotel Fairways. Não temos preferência Será uma estreia emocionante», admite Trimble.

O Hotel Fairways está na recta final do processo de construção e será inaugurado em Maio. Durante três semanas, o complexo irá abrir portas a clientes regulares, numa espécie de teste às instalações. Depois, ficará à inteira disposição da selecção brasileira…ou portuguesa: «Seja Ronaldo ou Kaká, será muito bom para nós. Iremos abrir na primeira semana de Maio mas, a partir do dia 26, o hotel ficará à exclusiva disposição da FIFA e da selecção que vier. E assim permanecerá até 12 de Julho. Esperemos que quem venha chegue à final.»

«Este é um hotel construído com os parâmetros de cinco estrelas, mas só será classificado depois da abertura, naturalmente. Está situado perto do 18º buraco do percurso, com vista para os campos de golfe. Temos 60 suites, duas suites presidenciais e várias Villas. Temos ainda uma piscina interior, uma exterior, um ginásio e um spa», conclui Christopher Trimble.

O clube de golfe de Randpark não tem relvados para os treinos da selecção, mas Portugal irá utilizar o tapete verde da Universidade de Witwatersrand (Wits), relativamente próximo, se ganhar a corrida ao Brasil. Roger de Sá, antigo adjunto de Carlos Queiroz na selecção da África do Sul, treina a equipa dos Bivest Wits, precisamente.