sexta-feira, 14 de maio de 2010

10 anos, 1 golo: avançado-cabeleireiro torce pelo Shampoozinho

O Íbis Sport Club apresenta-se como o pior clube do Mundo. E Mauro Shampoo, cabeleireiro e avançado, foi o pior jogador do Íbis: 10 anos, 1 golo marcado. O filho, Shampoozinho pois então, quer apagar essa página negra da história. «Que marque golos por ele e pelo pai», pedem os adeptos.

«Olha, eu joguei dez anos no Íbis e fiz um golo. O meu filho vai fazer mil. Tem mais qualidade que eu, mesmo que o time seja ruim. Começou hoje no Íbis, vai ouvir falar muito do Shampoozinho», promete Mauro, uma celebridade do Recife, em conversa com o Maisfutebol.

Mauro Shampoo virou fenómeno. A imprensa canarinha conheceu o pior avançado do Mundo, gostou da personagem e deu-lhe visibilidade. Seguiram-se filmes, anúncios e até músicas em sua honra. «Sou cabeleireiro, jogador de futebol e homem». O cartão de visita afasta quaisquer suspeitas. «Eu cresci na favela e, quando disse que ia ser cabeleireiro, duvidaram logo de mim. Nada disso. Sou casado e com filhos», avisa.

«Sempre tive o sonho de jogar num clube grande. Mas fiquei pelo Íbis mesmo. Só marquei um golo. Foi no Arruda, o guarda-redes sacudiu para a frente e eu marquei. Não tinha ninguém no estádio, mas fiz a festa toda. Os amigos brincam, dizem que foi na própria baliza, eu garanto que não. Em dez anos, foi o meu único golo», garante.

Mauro é feliz. Joga nos veteranos do Íbis, tem o seu cabeleireiro e continua a gozar a fama de pior avançado do Mundo. O filho, carregando a cruz como Shampoozinho, espera melhorar a imagem do progenitor: «Olha, eu perdi, perdi, e perdi de novo. O único título que tenho é o título de eleitor. É uma vergonha de carreira. Mas sou feliz. Jogo no Masters do Íbis, mas continuo sem marcar golos. É muito díficil.»

«Eu vesti o 10, era a estrela do Íbis. Tem Pelé, Maradona, Cristiano Ronaldo, Messi, todos camisola 10 como eu. Fico feliz com isso. Passei dificuldade, dormi na rua e só queria jogar futebol. Fui parar ao Íbis, time ruim. Fiquei por aí. Agora vem aí o Shampoozinho, vai ver que ele terá mais sucesso», repete, em diálogo com o Maisfutebol. Esperemos para ver.



Jornalismo pelas ruas da amargura

Primeiro, foi um adepto intitulado xeio_de_sono a garantir que os Super Dragões tinham comprado 3.500 bolas de golfe. Uma fonte de grande confiança, claro está, a valer primeira página em jornal de referência e natural histeria dos demais.

Depois, o morto que afinal não morreu. A Benfica TV, um meio não jornalístico, lembrou-se de lançar para o ar uma lamentável morte, consequência dos confrontos em Braga após a conquista do título. E o que fazem os jornais? Manchetes instantâneas, sem pegar num telefone. Afinal, a PSP diz que não morreu ninguém. E agora?

Não critico a Benfica TV. São amadores a fazer uma espécie de canal. Critico é quem vai atrás sem pensar, responsável por possíveis consequências graves. Pensem, porra!

Danilo revê o menino Hulk: «Vou mandá-lo para o outro lado»

O F.C. Porto descobriu Hulk. O Vilanovense, anos antes, descobrira Pará. É por essa alcunha que Danilo recorda o compatriota que vai reencontrar no Jamor, agora com barba rija e autoridade para impor lei.

«Na altura, era um menino mas já vinha para cima de mim». E vai de novo. O lateral direito do D. Chaves acolheu o extremo do F.C. Porto em 2002. Em Vila Nova de Gaia, era juvenil contra sénior, duelo sem respeito nos treinos da equipa principal.

Agora, vale um troféu. Danilo nunca temeu tanto um duelo com Givanildo,igual a Pará, igual a Hulk. «Chamávamos-lhe Paraíba, ou Pará, quando ele apareceu no Vilanovense, porque era a região dele. Agora é Hulk, mas já então era grande. Vinha de família pobre e tentávamos ajudar. Não dava era para lhe emprestar as minhas chuteiras, ele tinha 15 anos mas o pé dele já era maior que o meu.»

Hulk, gozado aos 15 anos por dizer: «Um dia, vou jogar no F.C. Porto»

Danilo é trintão. Hulk vai nos 23. Em 2002, Danilo estava por cima. E no domingo? «Se ele me cair em cima, vou mandá-lo para o outro lado. Nos treinos, apanhava com ele, que jogava na esquerda, encarava e queria fintar todos, mesmo sendo menino. Se ficar no meu lado, vou tentar travar, e tem de vir mais um ou dois para ajudar. Já naquela época tinha qualidade, mas teve de voltar para o Brasil, não sei porquê», recorda o defesa da formação flaviense, ao Maisfutebol.

«Fico feliz por vê-lo bem. É um grande jogador, com qualidade para chegar à selecção brasileira. Só estive uma vez com ele, desde que voltou. Cruzámo-nos na Madeira, Porto e Chaves jogavam lá. Vimo-nos no aeroporto, abraçámo-nos, recordámos as histórias do Vilanovense. As voltas que o Mundo dá», desabafa, entre sorrisos.

Taça para reconquistar Chaves

Chaves está em choque. O Desportivo, orgulho flaviense, caiu de divisão. Nas ruas, protestos. Na alma, dor imensa. «Se pudéssemos, trocávamos a Taça por ficar na II Liga. Ando pela rua e as pessoas vêm ter comigo, tristes pela descida. Muitos já nem vão ao Jamor por isso. Queremos provar que não estamos aqui só pelo dinheiro.»

Danilo é brasileiro mas fala como flaviense. Foi a quinta época no clube, a décima em Portugal. Chega ao ponto mais alto sem disfarçar o embaraço. «Chegámos à final da Taça e pensámos que isso ia aliviar os problemas financeiros. Mas mesmo assim foi difícil arranjar patrocínios para ir à final. A despesa é grande.»

Chaves paga o preço da interioridade. O corpo ressente-se. «Vamos de autocarro, seis horas de viagem, na véspera do jogo. Ao menos isso, vamos um dia antes, dá para recuperar. Agora imagine as viagens para o Algarve, nove horas. Isso sim, é duro»

«Esta semana, jogadores e treinadores reuniram-se para falar da descida e da Taça. É a nossa oportunidade para provar que temos valor. Chegámos à final! É David contra Golias, espero que dê David. Vamos para ganhar, mas se perdemos, jogando bem de igual para igual, já deixaremos uma boa imagem», finaliza Danilo, com dose moderada de esperança.

Jesualdo e Pavão: Chaves de partida, com Porto de chegada

Jesualdo Ferreira e Pavão são dois daqueles homens que têm reservada uma página em nome próprio na história do F.C. Porto. Jesualdo foi o primeiro treinador português três vezes campeão no clube, Pavão foi um dos mais brilhantes jogadores que vestiu a camisola azul e branca. Curiosidade: conheceram-se em Chaves.

Veja as fotos da época

Conheceram-se e evoluíram para uma grande amizade. Chegaram a partilhar um ano nos juniores do D. Chaves, imediatamente antes de Pavão se mudar para o F.C. Porto. «O Jesualdo falava-me tanto do Pavão que ainda me lembro do nome dele. Fernando Pascoal das Neves. É ou não é?», interroga a prima Marília Pires.

É, sim senhor. Jesualdo é um ano mais velho, mas calhou partilharem a cidade e um prazer inesgotável no desporto. Ora numa altura em que o F.C. Porto vai encontrar o Chaves no Jamor, o Maisfutebol recupera a história de uma amizade fora de campo - com rivalidade dentro dele -, que vai de um clube ao outro.

Os jogos a dinheiro na rua

Jesualdo estudava no Liceu, Pavão andava na Escola Industrial. Na década de 50, num Portugal cinzento, os jogos entre as duas escolas davam que falar. «Eram grandes duelos, com muita gente a ver», diz Silvano Roque, antigo colega de Jesualdo. «Eram jogos equilibrados e não perdíamos só por causa do Pavão».

Jesualdo e Chaves, uma história de amor

E Jesualdo, pergunta-se? «Tinha habilidade, mas não era dado ao contacto físico.» Ora um pouco como Pavão, aliás. «Ele era pequenino, mas muito tecnicista. Nessa altura até foi fazer um teste ao Benfica, mas disseram-lhe que precisava de comer sopa. Foi para o Porto, deram-lhe tripas e ele cresceu», conta João Neves.

João Neves era irmão de Pavão e lembra-se que a amizade deles cresceu nesses duelos. «Andavam sempre a jogar à bola. Iam para o descampado entre a Escola e o Liceu e jogavam a dinheiro. Faziam duas equipas, cada jogador entrava com 10 tostões e quem ganhasse ficava com o dinheiro. Para aí 10 escudos.»

Dois rapazes «engatatões»

A rivalidade não era só no futebol, de resto. Os dois partilhavam também a fama de... marialvas. «Aqueles jogos eram muito concorridos, juntavam-se as meninas todas para ver e o Jesualdo ficava todo vaidoso. Tinha a mania que era muito engatatão. Ainda por cima tinha vindo de África e era moreno», sorri Silvano Roque.

Um pouco como Pavão, aliás: a alcunha de Pavão veio de algum lado. «Um dia perguntei ao Jesualdo por que lhe chamavam Pavão, se o nome dele era Fernando das Neves. Ele disse que ele tinha um andar muito emproado, todo elegante e charmoso para cima das meninas. Parecia um pavão», conta Marília Pires.

E o futebol para sempre na vida deles

Ora a vida acabou por afastá-los. Pavão foi para o Porto, onde fez carreira nas Antas até uma morte trágica em pleno relvado. Jesualdo seguiu para Lisboa, onde cursou Educação Física e se fez treinador de futebol. Continuaram amigos, com regresso frequente a Chaves. E mantiveram o futebol na vida deles.

«O Pavão era doente por futebol. Por futebol, voleibol, andebol... Seguiu futebol porque naquela altura já permitia fazer vida», conta João Neves. «Os meus tios ficaram chateados por ele cursar Educação Física. Queriam que fosse médico ou advogado», diz Marília Pires. «.Mas ele não torceu. Era um vício.»

Um vício que veio da mãe. «Adorava futebol. Faleceu com cancro, na fase terminal ia a Lisboa fazer tratamentos e só se distraía com bola. O meu primo levava-a aos treinos ou aos jogos porque ela adorava aquilo. Quando era mais nova, levou o Jesualdo a ver um jogo do Eusébio. Foi aí que ele se apaixonou pelo futebol.»

Jesualdo e Chaves, uma história de amor com final marcada para o Jamor

Um dia, «há não muitos anos», Jesualdo Ferreira foi viver as festas à Mirandela natal. Como fazia regularmente, aliás. No dia seguinte acordou cedo e queria tomar café. Problema: os cafés tinham servido até tarde e fecharam de manhã. O técnico não se intimidou e disse que ia procurar um sítio aberto. Demorou horas.

Veja as fotos da época

Quando voltou, a pergunta obrigatória: onde foste?, questionou a prima Marília Pires. «Fui parar a Chaves», respondeu Jesualdo. Para os menos cientes de geografia, convém dizer que Chaves e Mirandela não ficam propriamente ao lado uma da outra: são 60 quilómetros de distância, por estradas antigas e muitas curvas.

«Ele tem um carinho enorme por Chaves. Gosta de Mirandela, claro, porque é a terra onde nasceu, mas tenho a certeza que gosta mais de Chaves. Foi lá que se fez homem. Viveu em Chaves dos 15 aos 20 anos, sempre sozinho, num quarto alugado, tornou-se independente, adulto e responsável», conta a prima.

A protecção da família do General Costa Gomes

A história já é de resto conhecida. Jesualdo regressou de Angola, foi viver com uns tios para Valpaços, que o enviaram para estudar em Chaves. «Foi lá que completou o antigo sétimo ano. Pelo meio ainda se mudou um ano para Aveiro, quando os pais regressaram de Angola, mas não se adaptou e voltou a Chaves», diz Marília.

O amor de Jesualdo por Chaves tornou-se evidente. O agora treinador do F.C. Porto vivia num quarto alugado na Casa do Seixas, na Rua do Sol, no centro da cidade, junto a outros estudantes. Ao fim-de-semana, quando conseguia boleia, voltava para junto da família: ora em Valpaços, ora em Mirandela.

Em Chaves vivia sob responsabilidade prestigiada: familiares do General Costa Gomes. «A minha tia era de boas famílias em Valpaços e conhecia muita gente.» Por isso entregou Jesualdo à família do general que viria ser o segundo Presidente da República pós-25 de Abril. Eram eles que zelavam pela educação.

O Desportivo e a paixão pelo futebol

Em Chaves, longe dos tios e da aversão que eles tinham pelo futebol, Jesualdo pôde desenvolver o maior prazer que tinha: a bola. O Sr. Albano conhece Jesualdo desde essa altura, ele que foi jogador e massagista do Desp. Chaves (está no clube há 52 anos), recordando «um jovem que era fanático por futebol.»

«Na altura era só mais um como muitos que vinha de Valpaços ou de Mirandela estudar aqui. Lembro-me que era bom rapaz e adorava futebol.» Por isso começou a jogar no Desp. Chaves. Foi lá que Albano o conheceu, quando Jesualdo representava os juniores. «Tinha algum jeito. Eu gostava de o ver jogar.»

Jesualdo sempre admitiu, porém, que não era um prodígio. Mas era apaixonado. «Ele ia para o Desportivo, terminava os treinos e ia ter com os amigos do liceu para jogar num descampado ao lado do Forte de S. Francisco. Muitas vezes tinham de fugir à polícia, eram outros tempos e não podia jogar-se em qualquer lado.»

O Nelo e os amigos para a vida

Em Chaves Jesualdo fez amigos para toda a vida. Amigos que o tratam como tratavam na altura: por Manel ou por Nelo. Na cidade transmontana quem o conheceu fala de um homem bom, a quem a fama não subiu à cabeça. «Mesmo depois de ir para Lisboa, vinha para cima nas férias e passava sempre por Chaves.»

Albano mantém o contacto com Jesualdo há quase 50 anos. «Mesmo anos mais tarde, quando trabalhava na Federação e no Benfica, eu ia a Lisboa com as selecções distritais sub-14 e ele fazia questão de ir ter comigo a Sintra.. Levava-me camisolas, jantavamos e metíamos a conversa em dia.»

«Chaves é especial para ele. Foi lá que se fez uma pessoa fantástica, trabalhadora e prezada em tudo. Quando voltou andava sempre tão arranjadinho que até parecia saído de uma caixa», conta a prima. Por isso domingo é especial. Jesualdo já defrontou o Chaves pelo Benfica e pelo Porto. Mas nunca no Jamor.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

F.C. Porto: José Gomes no banco, no local da troca com Jesus

O cenário desenhara-se para o clássico, mas Jesualdo Ferreira escapou com uma sanção pecuniária, face ao registo irrepreensível. Contudo, frente ao Benfica, o treinador foi novamente expulso. Dez dias de castigo, adjunto José Gomes a ganhar protagonismo, na última jornada, em Leiria.

José Gomes assume papel de destaque frente à União, cinco anos após uma aventura falhada no comando técnico da formação do Lis. O jovem treinador iniciou a temporada como timoneiro, acabando por abandonar o posto que viria a ser ocupado por Jorge Jesus. O actual técnico do Benfica guindou a equipa leiriense para o 7º lugar.

Sucessor de Carlos Azenha como número 2 na equipa técnica do F.C. Porto, José Gomes restabeleceu a parceira com Jesualdo Ferreira depois de um passado em comum no Benfica. O jovem prepador-físico chegou ao Estádio da Luz para trabalhar com Toni e Jesualdo, em 2001/2002. Colaboraria ainda com José António Camacho, na época seguinte.

Ao serviço do F.C. Porto, o técnico tem surpreendido os adeptos pelo seu entusiasmo ao longo dos encontros. Em Abril de 2009, com Jesualdo castigado, ganhou importância no banco, na eliminação da Champions frente ao Man. United (0-1). Neste sábado, será novamente ele a dar indicações na linha lateral, a falar com a imprensa, sempre sob orientação do treinador principal.

«É muito exigente e dedicado»

«Antes de mais, é preciso lembrar que o José Gomes irá apenas seguir as determinações de Jesualdo Ferreira, até porque o contacto durante o jogo é permitido. De certeza que estará preparado para isso, porque é uma das pessoas mais competentes que conheci no futebol», garante Vítor Campelos, colaborador de José Gomes nas experiências como técnico principal, no D. Aves, P. Ferreira, Leixões, U. Leiria e Moreirense.

José Gomes tem sentido a amargura da época azul e branca, protagonizando alguns casos que surpreenderam a opinião pública. No clássico com o Sporting, o técnico foi expulso a par de José Lima, após desentendimento ao intervalo. Frente à Académica, também não evitou uma troca azeda de palavras com Villas Boas. «Ele é muito exigente e dedicado, sempre foi assim. Quanto a isso, parece-me que o caso do Lima poderá ter a ver com algo do passado», explica Vítor Campelos.

«Tenho a certeza que o José Gomes cumprirá bem a sua missão. As pessoas recordam algumas coisas más do passado, esquecendo as boas. Em Leiria, por exemplo, foi despedido com cinco jornadas, com 16 jogadores que nunca tinham jogado na Europa. Era preciso tempo. Veio o Jorge Jesus e ainda aproveitou aquele trabalho. Ele teve sucesso no Leixões, por exemplo, e não só. E terá ainda mais no futuro», garante o preparador-físico, em conversa com o Maisfutebol.

«Sempre foi efusivo»

António Jesus, actual treinador do Tondela, deu a primeira oportunidade a José Gomes no futebol profissional. «Lembro-me que veio trabalhar para o P. Ferreira com 24 ou 25 anos. Tinha jogado futebol no Valadares, apenas, mas foi uma grande surpresa. É uma pessoa muito inteligente, com enorme base teórica e capacidade de aprendizagem prática», garante o técnico.

O experiente treinador recorda a postura de José Gomes no banco. «Sempre foi efusivo, mas fá-lo em defesa dos interesses do grupo. Gosta muito de ganhar e foi sempre assim, já desde que o conheço. É um excelente profissional, não foi feliz como treinador principal mas terá sucesso quanto tiver outra oportunidade», remata António Jesus, ao Maisfutebol.

Benfica tenta nova festa tardia: memórias de 2004/05

O Benfica entra na última jornada a um ponto do título. Agora, como em 2004/05, os corações encarnados batem com intensidade até ao derradeiro apito na competição. Desta vez, é o Sp. Braga a ameaçar pelo retrovisor, o Rio Ave a surgir como obstáculo real para a conquista desejada.

O cenário repete-se. Jesus falharia o objectivo com uma derrota e uma vitória do segundo classificado. Trapattoni encarou o mesmo quadro desportivo, numa corrida de trás para a frente. «E um plantel bem mais curto», recorda Álvaro Magalhães, então adjunto do treinador italiano.

No domingo, o Benfica recebe o Rio Ave. A festa está preparada, procurando desviar atenções do Nacional-Sp. Braga. «Em 2004 foi igual. A única diferença é que chegámos à frente mais perto do final. No nosso ano, quando fomos jogar com o Boavista, nem quisemos saber quanto estava o F.C. Porto. Sabíamos que só dependíamos de nós», lembra o actual técnico do Interclube de Luanda.

«Tentámos descontrair os jogadores»

Na época 2004/05, o Benfica isolou-se na liderança à penúltima jornada, vencendo o Sporting com um golo de Luisão. Bastava um empate no Bessa, frente a um Boavista já afastado da Europa. «Jogámos apenas pelo prestígio e brio profissional. Tínhamos perdido em Guimarães, onde o Carlos e o João Pinto foram expulsos. Nesse jogo com o Benfica também surgiram alguns casos, mas demos o melhor e podíamos ter vencido», considera Pedro Barny, antigo técnico dos axadrezados.

Simão Sabrosa colocou o Benfica em vantagem, na conversão de um castigo máximo (38m). Éder Gaúcho empatou, pouco depois. Os encarnados não conseguiram marcar novamente, mas a igualdade caseira do F.C. Porto, com a Académica, tranquilizava os adeptos que encheram o Estádio do Bessa.

«Nessa semana, não falámos muito. Aliás, tentámos foi descontrair os jogadores, apostando num trabalho mais psicológico. Pressão, já eles têm. Queriam todos ser campeões e festejar, como estes querem. Nesse ano foi mais difícil, tínhamos 13 ou 14 jogadores. Nesta altura, o plantel tem muitas alternativas, mesmo face às ausências», considera Álvaro Magalhães.

A direcção encarnada está optimista. Para a recepção ao Rio Ave, convidou todos os ex-campeões a marcar presença no Estádio da Luz, para participar na festa. Álvaro Magalhães não pode comparecer, devido aos compromissos do Interclube, mas espera festejar em Luanda. «Vou estar à frente da TV e aqui também há maioria de benfiquistas. Aliás, vários bairros tinham festas preparadas no fim-de-semana passado», rematou o técnico, em conversa com o Maisfutebol.

«É uma semana de solicitações»

Pedro Barny estava do outro lado. O antigo treinador do Boavista compreende a agitação em torno do Rio Ave, nos últimos dias. «É uma semana tensa, com muitas solicitações, muitas dúvidas. Há sempre tendência para analisar comportamentos. Basta ver o caso do Fábio Faria. É titular do Rio Ave, mas se jogar e correr mal, será criticado. Se não jogar, haverá críticas na mesma», lamenta.

«Não podemos controlar o grupo, durante a semana, porque eles podem sempre receber telefonemas, contactos pessoais, é difícil. Fazemos apenas o que a nossa consciência nos manda e, como profissionais, tentamos vencer. Foi isso que fizemos e podíamos ter conseguido», conclui Pedro Barny, em diálogo com o Maisfutebol.

Jesus barrou título ao F.C. Porto e...desceu

A época do último título encarnado não deixa grandes recordações a Jorge Jesus. O Moreirense, então orientado pelo técnico, esbracejava desesperadamente para evitar a descida e, a duas jornadas do final da Liga, recebia o F.C. Porto que ainda acalentava esperanças de chegar ao título.

Os dragões estavam atrás de Benfica e Sporting e comprometeram o «tri» na viagem a Moreira de Cónegos (1-1). O empate atrapalhou o F.C. Porto, mas também não ajudou muito o Moreirense, que veio a confirmar a descida na semana seguinte.