sexta-feira, 14 de maio de 2010

Danilo revê o menino Hulk: «Vou mandá-lo para o outro lado»

O F.C. Porto descobriu Hulk. O Vilanovense, anos antes, descobrira Pará. É por essa alcunha que Danilo recorda o compatriota que vai reencontrar no Jamor, agora com barba rija e autoridade para impor lei.

«Na altura, era um menino mas já vinha para cima de mim». E vai de novo. O lateral direito do D. Chaves acolheu o extremo do F.C. Porto em 2002. Em Vila Nova de Gaia, era juvenil contra sénior, duelo sem respeito nos treinos da equipa principal.

Agora, vale um troféu. Danilo nunca temeu tanto um duelo com Givanildo,igual a Pará, igual a Hulk. «Chamávamos-lhe Paraíba, ou Pará, quando ele apareceu no Vilanovense, porque era a região dele. Agora é Hulk, mas já então era grande. Vinha de família pobre e tentávamos ajudar. Não dava era para lhe emprestar as minhas chuteiras, ele tinha 15 anos mas o pé dele já era maior que o meu.»

Hulk, gozado aos 15 anos por dizer: «Um dia, vou jogar no F.C. Porto»

Danilo é trintão. Hulk vai nos 23. Em 2002, Danilo estava por cima. E no domingo? «Se ele me cair em cima, vou mandá-lo para o outro lado. Nos treinos, apanhava com ele, que jogava na esquerda, encarava e queria fintar todos, mesmo sendo menino. Se ficar no meu lado, vou tentar travar, e tem de vir mais um ou dois para ajudar. Já naquela época tinha qualidade, mas teve de voltar para o Brasil, não sei porquê», recorda o defesa da formação flaviense, ao Maisfutebol.

«Fico feliz por vê-lo bem. É um grande jogador, com qualidade para chegar à selecção brasileira. Só estive uma vez com ele, desde que voltou. Cruzámo-nos na Madeira, Porto e Chaves jogavam lá. Vimo-nos no aeroporto, abraçámo-nos, recordámos as histórias do Vilanovense. As voltas que o Mundo dá», desabafa, entre sorrisos.

Taça para reconquistar Chaves

Chaves está em choque. O Desportivo, orgulho flaviense, caiu de divisão. Nas ruas, protestos. Na alma, dor imensa. «Se pudéssemos, trocávamos a Taça por ficar na II Liga. Ando pela rua e as pessoas vêm ter comigo, tristes pela descida. Muitos já nem vão ao Jamor por isso. Queremos provar que não estamos aqui só pelo dinheiro.»

Danilo é brasileiro mas fala como flaviense. Foi a quinta época no clube, a décima em Portugal. Chega ao ponto mais alto sem disfarçar o embaraço. «Chegámos à final da Taça e pensámos que isso ia aliviar os problemas financeiros. Mas mesmo assim foi difícil arranjar patrocínios para ir à final. A despesa é grande.»

Chaves paga o preço da interioridade. O corpo ressente-se. «Vamos de autocarro, seis horas de viagem, na véspera do jogo. Ao menos isso, vamos um dia antes, dá para recuperar. Agora imagine as viagens para o Algarve, nove horas. Isso sim, é duro»

«Esta semana, jogadores e treinadores reuniram-se para falar da descida e da Taça. É a nossa oportunidade para provar que temos valor. Chegámos à final! É David contra Golias, espero que dê David. Vamos para ganhar, mas se perdemos, jogando bem de igual para igual, já deixaremos uma boa imagem», finaliza Danilo, com dose moderada de esperança.

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