segunda-feira, 5 de abril de 2010

África do Sul: extrema-direita pronta para retaliar após «crime de ódio»

O homicídio de Eugene TerreBlanche, líder da extrema-direita sul-africana, deverá originar retaliações num futuro próximo, em vésperas do Campeonato do Mundo de 2010. Andre Visagie, o secretário-geral do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), deixou o aviso em declarações ao tvi24.pt.

A Federação Portuguesa de Futebol aguarda pelo desenrolar dos acontecimentos e não fará comentários públicos sobre o tema, segundo as informações recolhidas. Contudo, existem motivos de preocupação. A selecção nacional irá ficar alojada em Magaliesburg, a cerca de 100 quilómetros de Ventersdorp, localidade que serve de base à AWB.

«Estamos todos revoltados com este assassínio e iremos reunir-nos a 1 de Maio, em Pretória, para discutir as medidas a tomar. Os líderes do movimento não querem responder na mesma moeda, mas infelizmente não podemos garantir que outras pessoas o façam, face a esta morte», começou por dizer Visagie.

«Foi um crime de ódio»

As autoridades africanas garantem que Eugene TerreBlanche foi morto, na noite de sábado, devido a uma questão laboral. Dois trabalhadores negros da sua exploração agrícola, de 16 e 21 anos, espancaram o extremista branco, de 69 anos, com uma barra de ferro, até à morte. Em causa, supostos salários em atraso.

Andre Visagie e seus pares não acreditam na tese. «Uma pessoa vai ao quarto do patrão por salários em atraso? Vai discutir salários em atraso com uma barra de ferro? Por último, se quer receber, mata o seu patrão com essa mesma barra de ferro? Nós acreditamos que foi um crime de ódio», frisa.

«Esta morte surge dias depois das canções de ódio de Julius Malema, do Congresso Nacional Africano (ANC), incitando negros a matar brancos. Não podemos garantir que estes dois jovens que cometeram o assassínio estavam nas listas do partido, mas acompanhavam o mesmo», remata o secretário-geral do AWB.

Zona tensa no Mundial

Os líderes sul-africanos apelam à calma e união, a dois meses do Mundial. Em Ventersdorp, extremistas brancos juntam-se para prestar homenagem a Eugene TerreBlanche. A 1 de Maio, têm reunião marcada em Petrória, não em Joanesburgo, como foi aventado.

Magaliesburg, quartel-general de Portugal para o Campeonato do Mundo, está situado entre estas localidades. «Nós não vamos interferir com o Mundial. Posso deixar essa garantia. O que dizemos é isto: confiámos nas autoridades sul-africanas para proteger o nosso líder e ele foi morto com uma barra de ferro. Portanto, recomendamos que as selecções não confiem tanto nas autoridades como nós confiámos», diz Visagie.

«A selecção de Portugal vai ficar aqui perto? Bem, quanto a isso só posso dizer que Joanesburgo é uma das cidades mais perigosas da África do Sul. Ainda para mais, com um clima destes», conclui o dirigente do AWC, com serenidade na voz.

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