sábado, 7 de agosto de 2010

Yago na Suécia: gigante luso entre altos, loiros e nada toscos

No Inverno o Natal é baril, no Inverno ando engripado e febril, no Inverno é Verão no Brasil, e na Suécia suicidam-se aos mil.

A contabilidade dos Fúria de Açucar, na música «Eu gosto é do Verão», está desactualizada. Na Suécia, a taxa de suicídios não bate recordes mundiais. Nem tem lugar na conversa com Yago Fernández, jovem internacional luso que abre novos horizontes com a camisola do Malmo.

Yago Fernández Prieto, 22 anos, tem uma embalagem invejável. Cresceu entre o Sporting, o Benfica, o Real Madrid, o Valência e o Espanhol de Barcelona. Nasceu em Lisboa, com ascendência espanhola. Passou largos anos no país vizinho, sem ceder à tentação de cantar outro hino.

«Jogarei sempre pela selecção de Portugal, nunca por Espanha. Sou português, adoro o meu país e não vou mudar nunca», garantiu ao Maisfutebol, em 2007. Estava no Valência e convivia com o namoro de Liverpool e Arsenal. Como acontece com inúmeros jovens, sentiu a passagem para o escalão principal.

No início de 2010, rumou ao Gil Vicente para redescobrir o futebol português. Não foi feliz. Ficou amargurado com a experiência, sentindo que o seu país continua a apostar demasiado em valores de outras latitudes. Teve de emigrar.

«Estou há três semanas no Malmo, assinei contrato até Novembro mas o objectivo passa por continuar. Estou a gostar bastante da experiência, é um clube com excelentes condições e estamos a lutar pelo título da Suécia», explica, ao nosso jornal.

O Malmo de Yago foi ao reduto do Orebro para garantir um triunfo convicente (0-3) e encurtar a distância para o líder Helsingborg: «Os adeptos aqui adoram futebol e são muito fiéis à sua equipa. Hoje, jogámos a 600 quilómetros da nossa cidade mas vieram muitos adeptos apoiar-nos. Fomos de avião para evitar o desgaste e agora estamos a regressar de autocarro.»

Yago Fernández está habituado a olhar de cima para baixo. Com 192 centímetros, é uma torre pouco habitual no tabuleiro lusitano. Porém, na terra dos altos, loiros e outrora toscos, o português encontrou concorrentes à altura. Literalmente.

«Sim, é mesmo verdade. Aqui há uns quantos mais altos que eu. Mas continua a ser um dos maiores», garante o internacional luso, entre gargalhadas, ao Maisfutebol.

Yago reencontrou Anderson: «Fui apanha-bolas dele no Benfica»

Yago Fernández adapta-se à Suécia. Chegou há três semanas e está a adorar a experiência. O defesa-central não encontrou nenhum português pelo caminho, mas teve a oportunidade de matar saudades de uma cara conhecida: Anders Anderson.

O jovem internacional luso estava nas camadas jovens do Benfica quando Anderson vestia de encarnado. O médio sueco nunca foi indiscutível e acabou por sair. Dez anos mais tarde, reencontro inesperado no Malmo.

«Tenho falado com o Anderson, ele ainda fala português e até lhe disse uma coisa engraçada. Eu fui apanha-bolas dele no Benfica. Tinha 12 anos e, nos jogos grandes, o clube metia os miúdos dos iniciados a fazer de apanha-bolas», recorda Yago, em conversa com o Maisfutebol.

Sem querer extremar posições, Yago Fernández não esconde alguma amargura pela aposta falhada no Gil Vicente. O defesa estava no Espanhol de Barcelona e foi emprestado ao emblema de Barcelona. Regressava a Portugal para crescer na Liga de Honra. Contudo, ficou desiludido com a realidade nacional. Pelo menos, com a passagem por Barcelos.

«Foram opções do treinador, é passado e prefiro olhar em frente. Não foi uma experiência do meu agrado, esperava outra coisa. Mas agora estou aqui no Malmo e, se tiver de ficar aqui toda a minha vida, fico radiante. Só digo que os clubes portugueses deviam apostar mais nos seus valores. Aqui no Malmo, há dez jogadores suecos entre os 18 e os 22 anos, por exemplo», desabafa.

Yago está encantado com Malmo, como clube e cidade. Atravessa uma ponte e está em Copenhaga, na capital da Dinamarca. Tranquilidade na Suécia, comércio e festa a dois passos. «O clube tem excelentes condições, o estádio é novo e foi inaugurado no ano passado. Quanto à cidade, é pacata e tranquila. Já fui a Copenhaga, mas lá é muita gente, muita confusão. E é uma cidade bem mais rara», remata o defesa.

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