segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Incrível Hulk: a força de vinte pessoas num luto goleador

Incrível, este Hulk. Seis golos em quatro jogos para um talento que atrai emoções num arranque de temporada impressionante. Entre o drama e o regresso à selecção do Brasil, o avançado do F.C. Porto deixa promessas para uma temporada de explosão.

Dragões no topo da Liga, com a Supertaça na vitrina e a fase de grupos da Liga Europa no horizonte. André Villas-Boas silenciou críticos, encontrou alternativas para Bruno Alves e Raul Meireles. Mutações profundas na forma de ser e estar deste F.C. Porto. Para além dos reforços, emerge Hulk, vida nova após castigo prolongado.

O aviso chegara na pré-época: três golos em igual número de particulares. Eis o cerne da questão, incontornável na análise ao fenómeno. Entre fortuna e fama, surge uma família que condiciona emocionalmente um jogador. A alcunha anuncia um super-héroi, as circunstâncias revelam a humanidade do profissional de futebol.

Um mês entre duas crianças

Os adeptos contornam o tema, jornalistas procuram repetir a teoria: vida pessoal e profissional não se misturam. Contudo, saltam à vida desarmada as oscilações, os amuos repentinos, as fases douradas. Nem sempre relacionadas com questões desportivas.

Por isso, importa referir que Hulk não joga por ele, mas por mais vinte pessoas. Não é caso raro, saliente-se. Porém, em momentos de tristeza, tudo se concentra nele. Cada golo seu é o golo dos familiares que também vivem o luto dramático. A morte de uma sobrinha, com pouco mais de um ano, abafou o regresso do avançado à selecção do Brasil.

Um mês antes, após bela pré-temporada, Hulk foi ao Brasil pelo nascimento do segundo filho. O crescimento da prole sugestiona casa nova na Invicta, mudança a concretizar em breve. Do outro lado do Atlântico, em Campina Grande, o Incrível já colocara duas dezenas de familiares a habitar num espaço de luxo e conforto, a vivenda onde a sobrinha Alicya viria a falecer, por afogamento, num momento de desatenção. Circunstâncias terríveis a motivar luto profundo.

O luto, a selecção e os golos

Hulk voltou ao Brasil em Agosto, com um golo na bagagem (penalty frente à Naval) e um cenário de tristeza à espera. No regresso, passou a jogar por ele, pela sobrinha e pelos familiares que só sorriem com uma festa sua, nos relvados.

Falhou metade da eliminatória como Genk mas compensou com um «hat-trick» no Dragão. Perdeu a recepção ao Beira Mar (3-0) mas deu a vitória frente ao Rio Ave (0-2), com mais dois golos. Cinco em quatro dias, aliás. Segue-se a selecção, agora orientada por Mano Menezes.

O avançado do F.C. Porto regressa ao «escrete» para não mais sair. É essa a sua ambição. Aos 24 anos, terceira época de dragão ao peito, colocou a sua alcunha na boca de adeptos europeus e mesmo brasileiros. Hulk casou-se com os golos.

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