terça-feira, 16 de março de 2010

Isaías não esquece Benfica: «Chuta à vontade, Cardozo!»

Isaías não esquece a sua passagem pelo Benfica. O brasileiro marcou 71 golos com a camisola encarnada, o melhor registo entre os atletas sul-americanos que passaram pela Luz. Oscar Cardozo ameaça, com 66 tentos, mas Isaías não fica desiludido.

«Sinceramente, não sabia que eu tinha essa marca. Mas por mim, não me importo nada que o Cardozo chegue aos 71, 72, ou até que chegue aos 100 golos. É sinal que o Benfica seria campeão, isso é o mais importante. Chuta à vontade, Cardozo», diz Isaías, através do Maisfutebol.

O ex-avançado vive em Cabo Frio, onde ensina miúdos a jogar futebol e aproveita os jogos de veteranos para combater a obesidade. Enquanto isso, torce pelo clube que lhe deu maiores alegrias em Portugal. «Cardozo parece-me ser um bom jogador, do que tenho visto, também remata forte, mas só com o pé esquerdo, não é?», interroga, sem perder tempo: «Pois eu rematava com os dois, de todo o lado.»

«Sei que o Benfica está muito forte, este ano. Tem jogadores de grande qualidade e penso que só irá perder o campeonato se acontecer algo de anormal. O Braga está muito bem também, mas não é equipa grande, ainda não tem estrutura para aguentar até ao final», vaticina o antigo jogador.

«Sou benfiquista desde que assinei contrato»

Isaías chegou ao Benfica em 1990. Jogou no Rio Ave, cresceu no no Boavista e teve, recorda, vários convites em cima da mesa: «Sou benfiquista desde que o Major (ndr. Valentim Loureiro) me colocou três propostas à frente e eu escolhi aquela. As outras? Eram do Porto e do Sporting. Também escolhi o Benfica pelos jogadores brasileiros de grande nível que tinha na altura.»

«Fui muito feliz no Benfica e só lamento uma coisa: aquilo que Artur Jorge fez quando chegou. Aquilo não foi uma limpeza, foi mesmo estragar tudo o que havia de bom no clube. Por isso é que o Benfica esteve dez anos sem ganhar o título», considera.

«Os três primeiros remates iam sempre para fora»

Isaías esteve cinco temporadas na Luz. Pegava na bola e chutava. Ganhava balanço, procurava a bola e chutava de novo. De novo, de novo. Até acertar. «Os três primeiros remates iam sempre para fora, mas eu acabava sempre por acertar. Lembro-me de um jogo, com o Farense, em que estávamos a perder 1-0 e o Rufai estava a ser o melhor em campo. Lá marquei dois golos e demos a volta», diz, entre sorrisos.

Em 1995, com 71 golos no registo pessoal (Cardozo contabiliza 66, na terceira época de águia ao peito), o brasileiro partiu para o Coventry City, regressando posteriormente para jogar no Campomaiorense. «Marquei bons golos. Lembro-me desse Benfica-Farense, depois de um muito bom num Campomaiorense-Sp. Braga. E claro, quando vencemos o Arsenal, para surpresa de todos, em Londres», recorda.

Isaías não resiste à provocação. Benfiquista como diz ser, teria de aproveitar o momento para espicaçar o rival. «Vencemos o Arsenal em Londres, onde o Porto apanhou agora cinco, não foi? Eu também lhes costumava marcar uns golos, tinha esse hábito de marcar nos jogos grandes», remata o brasileiro, bem ao seu jeito.

Isaías quer o filho no Benfica: «Ele herdou o meu pé canhão»

Um novo Isaías na forja. O antigo avançado do Benfica garante que o filho, chamado Isaías Júnior, tem potencial para dar novas alegrias aos adeptos encarnados. «Ele herdou o meu pé canhão», avisa.

Aos 46 anos, Isaías Marques Soares ensina miúdos em Cabo Frio e espera pela oportunidade para regressar a Portugal. Objectivo: colocar o seu sucessor no Benfica. «Ele nasceu em Portugal, é português e quer jogar no Benfica. O seu sonho é fazer dupla com o Cristiano Ronaldo», explica.

«O Isaías Júnior tem o mesmo pontapé forte, mas claro que ainda lhe faltam outros aspectos. Só completou há pouco tempo o seu 18º aniversário. Mas se conseguir fazer metade que o pai fez em Portugal, já seria bom demais. Em Janeiro, ia levá-lo para treinar no Benfica. Não deu, mas será em breve», promete.

Isaías não esquece Benfica: «Chuta à vontade, Cardozo!»

«Vou torcer por Portugal no Mundial»

O ex-jogador de Boavista, Benfica e Campomaiorense sorri ao recordar o passado. Antes de Deco, Pepe ou Liedson, pensou-se em Isaías para a selecção de Portugal. A empatia perdurou no tempo.

«Chegou a falar-se nessa possibilidade, mas depois não se concretizou. Eram tempos diferentes, hoje é mais fácil. De qualquer forma, nunca mais esqueço o carinho dos portugueses. Vou torcer por Portugal no Mundial. Não torço contra o Brasil, mas espero que Portugal vença o Mundial», garante.

Enquanto espera pelo certame na África do Sul, Isaías combate o ócio em Cabo Frio. «Tenho os meus negócios, a escolinha de futebol e aproveito todas as oportunidades para jogar. Quando se tem bola no pé, não se pode parar. Na carreira, joga-se muito e come-se muito. Se parar depois, começa a inchar. Tenho o mesmo peso que tinha antes. Esperem para ver. Vou aí para colocar o meu filho no Benfica. Se não for lá, será noutro clube», finaliza Isaías, em entrevista ao Maisfutebol.

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